Jornalista Adísia Sá entra para galeria de honra da Casa de Juvenal Galeno

4 de junho de 2014 - 11:05

A Casa de Juvenal Galeno, instituição da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, recebe a jornalista Adísia Sá, nesta quarta-feira (4), às 09 horas, para uma homenagem pela trajetória de vida e contribuição ao jornalismo cearense. Após a recepção com um café da manhã, haverá a aposição da fotografia da jornalista na galeria de honra do equipamento instalado no Centro de Fortaleza (Rua General Sampaio, 1128).

Adísia Sá passa a figurar entre nomes ilustres que contribuíram ou ainda contribuem para a consolidação da Casa de Juvenal Galeno como um importante centro cultural. Construída em 1886 pelo poeta Juvenal Galeno e transformada em centro de cultura em 1919 pelas filhas Júlia e Henriqueta Galeno, a casa já recebeu personalidades do porte de Antônio Sales, Euclides da Cunha, Gustavo Barroso, Jáder de Carvalho, Leonardo Mota, Patativa do Assaré e Rachel de Queiroz.

“Adísia Sá é uma das primeiras integrantes da Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno, onde é sócia efetiva, ocupando a cadeira nº 23, patroneada por Henriqueta Galeno”, aponta Antônio Santiago Galeno Júnior, diretor da Casa de Juvenal Galeno e um dos bisnetos do poeta que ali morou até morrer, aos 95 anos, em 1931. Henriqueta Galeno, uma dos sete filhos de Juvenal Galeno, foi a idealizadora e fundadora da Ala Feminina, que reúne intelectuais cearenses desde a década de 1930, quando foi fundada como Falange Feminina.

A jornalista Adísia Sá escreveu inclusive a biografia de Henriqueta Galeno, que morreu em 1964 e por quem nutria afeição desde a infância. “Ainda garota, eu rondava a Casa de Juvenal Galeno. Henriqueta Galeno me botava no colo, me chamava de menina prodígio, tinha muito carinho por mim”, relembra Adísia, então moradora também do Centro da cidade, na Rua Senador Pompeu, pertinho da Casa de Juvenal Galeno.

Hoje aos 84 anos e quase 60 de jornalismo, a professora emérita da Universidade Federal do Ceará (UFC), primeira ombudsman do Jornal O Povo, atual presidente da Associação Cearense de Imprensa, diz ter recebido “com um pouco de vaidade, um pouco de alegria” o comunicado de mais uma entre tantas homenagens que já lhe renderam. “Adísia Sá foi uma das primeiras mulheres cearenses a aderir à Ala Feminina da Casa e merece o nosso reconhecimento pela contribuição e inestimáveis serviços prestados a esta Casa e à cultura cearense”, reforça Antônio Galeno.

Ao criar a Ala Feminina, em 1936, Henriqueta Galeno, uma mulher à frente do seu tempo, buscava congregar a cultura de outras cearenses, dando visibilidade para os dotes intelectuais e artísticos femininos. Poetisa, ensaísta, formada em Direito, Henriqueta tinha uma vida intelectual e política atuante, sob inspiração do próprio pai. Ela foi professora da Escola Normal e no Liceu, membro da Associação Cearense de Imprensa e da Academia Cearense de Letras e representou o Ceará no 1° Congresso Feminista, realizado no Rio de Janeiro, em 1922, sob a presidência da líder feminista Bertha Lutz.

Com toda essa disposição, Henriqueta buscava mobilizar outras mulheres para não se acomodarem apenas aos afazeres domésticos e reunia em torno de si nomes que não passaram em brancas nuvens. Entre as primeiras sócias da Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno estavam a advogada Wanda Sidou, que se notabilizou mais tarde na defesa de presos políticos do regime militar no Ceará, e Heloneida Studart, que se tornaria uma escritora, ensaísta, teatróloga, jornalista e seis vezes deputada estadual do Rio de Janeiro.

Até hino a Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno tem:

(…)
Aqui, vivemos emoções
Ditadas por nossos corações,
Em verso, em prosa excelente,
Que escrevemos a toda gente!
Aqui, será bem acolhido
Quem ama as artes, a cultura em geral,
Aqui, ninguém é preterido,
Não conta idade ou camada social
(…).

De jornal, rádio, televisão e outras letras

Maria Adísia Barros de Sá nasceu no dia 7 de novembro de 1929, em Cariré, a 287 quilômetros de Fortaleza. Na capital, tornou-se bacharel em Filosofia Pura pela Faculdade Católica de Filosofia do Ceará, em 1954, e licenciou-se pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Ceará, em 1962.

Em 1955, a jovem Adísia deu início à carreira no jornalismo, pelo jornal Gazeta de Notícias, tornando-se a primeira mulher a integrar a redação de um jornal no Ceará e a primeira mulher repórter policial. A trajetória inclui passagens pelo jornal O Estado antes mesmo de atuar como jornalista profissional, TV Ceará, TV Jangadeiro, TV Fortaleza, TV Manchete, TV Com e jornal O Dia, os três últimos já extintos.

No Grupo O Povo de Comunicação, Adísia fez sua segunda casa. No Jornal O Povo, após longa experiência na Redação, inaugurou a função de ombudsman em 1994, sendo a única pessoa a cumprir quatro mandatos, e depois também assumiu a tarefa de ouvidora na Rádio O Povo/CBN, onde estreou em 1984, uma trajetória que lhe conferiu no início de 2014 o título de ombudsman emérita dos dois veículos.

Também professora, lecionou na Universidade Estadual do Ceará (Uece), Universidade de Fortaleza (Unifor) e Universidade Federal do Ceará (UFC), onde esteve na linha de frente para a implantação do primeiro curso de jornalismo no Estado, em 1965, pelo então reitor Antônio Martins Filho. Engajada, foi a primeira mulher sindicalizada no Ceará, em 1956, e ocupou diversos cargos de direção em entidades de classe, como a Associação Cearense de Imprensa, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Ceará e a Federação Nacional dos Jornalistas.

Apaixonada pelas letras, escreveu não apenas para os veículos de comunicação. Adísia Sá publicou diversos livros nas áreas de Filosofia, Comunicação e Literatura, entre eles Metafísica Para Quê? (1971), Fenômeno Metafísico (1973), Introdução à Filosofia (1975), Vanguarda: Produto de Comunicação (1977), Ensino de Jornalismo no Ceará (1979), Biografia de Um Sindicato (1981), O Jornalista Brasileiro (1985), Comunicação é o Homem (1986), Capitu Conta Capitu (1992), Clube dos Ingênuos: Um relato de três anos como ombudsman do O Povo (1998) e Traços de União (1999).

Centro irradiador de cultura

Desde que se tornou um centro de cultura em 1919, a Casa de Juvenal Galeno tem como missão preservar e divulgar o legado do escritor Juvenal Galeno, constituindo-se em um espaço de convivência, pesquisa e lazer. Mais do que preservar a memória e a produção do poeta, a Casa sempre concentrou e irradiou cultura.

Os anos 30 e 40 são considerados a fase áurea do local, quando era bastante frequentado por artistas, intelectuais e políticos que cultivavam o gosto pelas letras. Leonardo Mota, Quintino Cunha, Jáder de Carvalho, Patativa do Assaré, Rachel de Queiroz, Fernandes Távora, Raimundo Girão, Moreira Campos, Mozart Soriano Albuquerque estavam entre os escritores que prestigiavam os saraus literários que animavam as noites da casa. Além de atrair a intelectualidade local para as palestras e reuniões, a casa também recebia escritores, poetas e artistas que visitavam Fortaleza.

Entre estátuas e bustos de granitos, móveis coloniais, utensílios importados do século XIX, arquitetura esmeralda, obras de arte e jardim assombreado, os visitantes encontram parte da memória cultural cearense e brasileira. A casa possui dez cômodos, abrigando um valioso acervo bibliográfico, doado por Mozart Monteiro, e a biblioteca do próprio Juvenal Galeno, que juntos totalizam cerca de 18 mil volumes, higienizados, catalogados e informatizados.

A ampla residência é dotada de dois auditórios: um com pequeno palco, piano de meia cauda e várias obras de arte, tem capacidade para 120 pessoas; outro é ao ar livre, sombreado por frondosas mangueiras e pode atender até 200 visitantes. Os espaços acolhem o público com uma programação que valoriza diferentes vertentes da cultura.

A Casa de Juvenal Galeno é sede para as atividades de diversos grupamentos: Academia de Letras Juvenal Galeno, Academia de Letras e Artes do Ceará, Academia de Letras dos Municípios do Estado do Ceará, Academia Feminina de Letras do Ceará, Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno, Associação Cearense de Escritores, Associação de Ouvintes de Rádio do Estado do Ceará, Associação Maria Mãe da Vida, Centro Cultural dos Cordelistas do Nordeste, Comissão Cearense de Folclore, Cooperativa de Cultura do Ceará, Coro Lírico Alvarus Moreno e Auzeneide Cândido, Escola de Violão Clássico e Popular Maestro Del Castro, Grupo Chocalho, Núcleo dos Mágicos do Estado do Ceará, Sindicato dos Artistas e Técnicos de Espetáculos do Estado do Ceará e União Brasileira de Trovadores – Seção de Fortaleza.

Além das reuniões regulares, as associações mantêm intercâmbio com outros grupos e instituições afins, em quase todo o Brasil, divulgando o potencial artístico e cultural do Ceará. Além dos eventos promovidos ali, a Casa de Juvenal Galeno oferece uma rica programação da cultural popular tradicional, com a presença de elementos como a viola, cantoria, embolada, cordel, xilogravura e artesanato, entre outras manifestações.

Serviço
Casa de Juvenal Galeno homenageia jornalista Adísia Sá
Data: quarta-feira, 4 de junho de 2014
Horário: 09 horas
Local: Rua General Sampaio, 1128 – Centro

04.06.2014

Assessoria de Comunicação da Secretaria da Cultura do Ceará

Dalwton Moura / Raimundo Madeira / Sonara Capaverde (85 3101.6761)