Dragão do Mar abre exposição com fotografias modernistas nesta terça-feira (24)

23 de setembro de 2013 - 15:41

Nesta terça-feira (24), o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura abre a exposição Moderna Para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú. Com curadoria do fotógrafo Iatã Cannabrava, produção e organização do Itaú Cultural, a exposição remonta aos anos de 1940 a 1970, quando, na esteira do modernismo europeu e americano, fotógrafos brasileiros entraram na discussão sobre os limites da arte fotográfica. Com um total de 86 imagens, de 23 artistas, o recorte mergulha, sobretudo, no movimento fotoclubista brasileiro. A Mostra tem acesso gratuito e segue aberta até a 24 de novembro, com visitação de terça a quinta, das 09 horas às 19 horas (acesso até às 18h30min) e sexta a domingo, das 10 horas às 20 horas (acesso até às 19h30min).

As obras compõem um recorte da Coleção de Fotografia Modernista Brasileira do Itaú, já exibida em Porto Alegre, Belém, Belo Horizonte e Ribeirão Preto, Assunção, no Paraguai e Cidade do México. Recentemente, o acervo adquiriu também cinco novas obras de dois artistas – duas do catalão radicado em São Paulo, Marcel Giró, morto em 2011, e três do paulista Paulo Pires, que serão exibidas pela primeira vez em Fortaleza.

De Giró, a Coleção Itaú incorporou Esboço e Botellas. Para o curador, ambas são altamente representativas dentro da fotografia modernista.  “Esboço, por exemplo, é uma das obras mais delicadas da coleção”, diz ele. “É um ícone do movimento onde um inofensivo lago com plantas aquáticas refletidas se transformam em uma sinfonia de traços”, conta ele. “Isso  dá uma especial delicadeza ao jogo com as formas, tão inerente ao movimento da fotografia moderna.”

Pintor, Ascensão e Asfalto são as novas imagens de Paulo Pires, um pintor, segundo o curador, que era um grande laboratorista pelo qual se destacava neste grupo. “As obras dele, como Ascensão, são um exercício de alquimia de laboratório da mais alta qualidade”, observa Cannabrava.  “Ao trabalhar técnicas sobre o negativo e o positivo ele construia desenhos como se fossem resultado da ponta seca de um gravurista”, completa.

Este fotógrafo expôs pela primeira vez em 1950, no Foto Cine Clube Bandeirante, e fundou, posteriormente, o Íris Foto Grupo de São Carlos. Além de sua alquimia como laboratorista, ele incorpora dois elementos à sua fotografia: o banal, que pode ser visto em Composição com Torneira, e a metrópole paulistana em vertiginoso crescimento, com seu trabalho sobre o Copan de Niemeyer, como ser observa na foto Linhas. “Esta imagem mostra o desnudamento do símbolo maior da cidade de São Paulo, o Copan, ainda em andaimes de madeira”, assinala Cannabrava.

Fotoclubismo

Cannabrava explica que  o fotoclubista brasileiro teve início em São Paulo, no Foto Cine Clube Bandeirante, em 1939, e se alargou para outros fotoclubes da cidade. Em geral, era composto por fotógrafos amadores que, livres das obrigações de um trabalho comercial, puderam experimentar e quebrar regras.  Nesses núcleos aterrissaram artistas como Geraldo de Barros, José Yalenti e German Lorca, todos presentes na exposição. “Nas imagens, encontramos as buscas por formas e volumes, abstracionismos e surrealismo, em uma evidente influência das antigas vanguardas europeias”, conta o curador.

Os trabalhos destes artistas começaram pictorialistas, imitando os padrões da pintura do século XIX. Com o desenvolvimento e crescimento econômico do país, desembocaram no celeiro da fotografia moderna brasileira, a chamada Escola Paulista. “As obras parecem uníssonas, montadas para um único ensaio fotográfico porque tem forte unidade temática, divididas em dois grupos: cidades ou formas, sejam elas geométricas, elaboradas ou simétricas”, explica Cannabrava. “A partir deste momento, texturas, contraluzes, enquadramentos sóbrios, linhas, solarizações, fotomontagens, fotogramas, entre outros tópicos, passam a integrar o vocabulário criativo”, afirma.

Vale observar, também, que a maioria dos membros dos fotoclubes era de imigrantes de origem europeia, como o citado Marcel Giró, ou descendentes refugiados das guerras do hemisfério norte, estabelecendo no Brasil uma produção com olhar mais otimista e de esperança no futuro, distante de assuntos sociopolíticos que predominavam nos trabalhos da época, e diferenciando-se do movimento europeu focado nas dificuldades sociais.

Segundo Cannabrava, este grupo se antecipou ao atual universo dos blogs, facebooks e flickrs montando o que poderia ser chamado de primeiras redes sociais de que se tem conhecimento na área de fotografia. Por meio de salões, catálogos e concursos formaram uma teia internacional que divulgava a produção nos grandes centros da fotografia mundial e também no Brasil.

Algumas obras

Reflexo, produzida em 1950 por José Yalenti, passou a incorporar a Coleção Itaú no ano passado. Elas são apontadas por especialistas como exemplos para validar porque ele é reconhecido como mestre da contraluz e da geometrização de motivos. Entre as 18 obras do fotógrafo presentes na mostra, vale destacar também Paralelas e Diagonais, por meio das quais o espectador se depara com formas inusitadas, migrando o tempo todo de uma intenção abstracionista a um surrealismo inesperado.

O abstrato-geométrico de Ademar Manarini faz par perfeito com Arabescos em Branco, de Gertrudes Altschul, rara representante do gênero feminino no fotoclubismo deste período. Se junta a este grupo a imagem Formas, de Eduardo Salvatore, de quem vale ressaltar o importante papel no cenário fotoclubista como um dos fundadores do Foto Cine Clube Bandeirante. Rubens Teixeira Scavone, em Abstração #5, completa o conjunto, em uma foto eternamente contemporânea de cartazes rasgados.

Artistas e quantidade de obras: Ademar Manarini (9), André Carneiro (1), Chakib Jabour (1), Délcio Capistrano (1), Eduardo Enfeldt  (1), Eduardo Salvatore  (1), Francisco Albuquerque (1), Francisco Quintas Jr. (1), Georges Radó (4), Geraldo de Barros (4), German Lorca (12), Gertudes Altschul (3), Gunter E.G. Schroeder (2), João Bizarro da Nave Filho (1), José Oiticica Filho (1), José Yalenti (18), Julio Agostinelli (1), Lucilio Correa Leite Júnior (1), Marcel Giró (2), Osmar Peçanha (3), Paulo Pires (16), Rubens Teixeira Scavone (2), Tufi Kanji (1)

Serviço: Abertura da exposição “Moderna Para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira na Coleção Itaú”

Dia 24 de setembro de 2013, às 19h, nas salas do piso inferior do Museu de Arte Contemporânea do Ceará (R. Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema). Mostra em cartaz até 24 de novembro, com visitação de terça a quinta, das 9h às 19h (acesso até às 18h30) e sexta a domingo, das 10h às 20h (acesso até às 19h30). Acesso gratuito e classificação livre.

Contato para entrevista: Iatã Cannabrava (11) 998800544

Link para imagens das Obras: https://www.wetransfer.com/downloads/b8411ebbf84a65199b44e6278c7b060120130918134551/477c17#

23.09.2013

Assessoria de Comunicação do IACC

Luciana Vasconcelos (85 3488.8617 – 8733.8829)