Medalha da Abolição é concedida a quatro personalidades cearenses

26 de março de 2013 - 11:34

O Palácio da Abolição, sede do Governo do Estado do Ceará, realizou, na noite desta segunda-feira (25), a festa da entrega da Medalha da Abolição, a mais alta comenda outorgada pelo Governo, este ano concedida a quatro personalidades de destaque no Ceará: os empresários Yolanda Vidal Queiroz e Francisco Ivens de Sá Dias Branco, à jornalista Maria Adísia Barros de Sá e ao artista Francisco Anysio de Oliveira Paulo Filho (in memoriam), representado pela viúva Malga di Paula.

A concessão da Medalha da Abolição aconteceu no aniversário de 129 anos da libertação dos escravos no Estado do Ceará, quatro anos antes da Lei Áurea de 1888. O Ceará foi a primeira província a abolir o sistema escravista em seu território, tendo notadamente iniciado em Redenção. Os quatro agraciados de 2013 receberam das mãos do governador Cid Gomes as medalhas e os diplomas referentes às comendas.

Na ocasião, o Governador fez um comparativo entre as diferentes formas de libertação, do passado e do presente no Estado do Ceará. ”Hoje, não há mais escravos para libertar ou então as senzalas mudaram de endereço. É que persistem as desigualdades e outras mazelas que tramam contra a nossa liberdade, o nosso desejo e direito de vivermos numa sociedade mais próspera, feliz e solidária”, disse Cid Gomes. “A medalha da Abolição vem distinguir aqueles que, nos dias atuais, agem com a mesma coragem e o mesmo ímpeto precursor que inspiravam os abolicionistas no século XIX”, completou.

O chefe do Executivo cearense concluiu o seu pronunciamento mencionando a importância das personalidades agraciadas da noite. “A professora Adísia Sá e os empresários Ivens Dias Branco e Yolanda Queiroz, com sua própria luz, trazem brilho e prestígio para a honraria que recebem do Governo do Estado – e, com certeza todos aqui se encontram – se sentem agraciados por tê-los em nosso meio, oferecendo lições de vida e entusiasmo, tão necessárias em um país que quer deixar pra trás uma crônica secular de subdesenvolvimento e atraso para elevar-se ao patamar das nações desenvolvida”, comentou.

medalhadentro“Nosso quarto homenageado – o escritor, poeta, pintor, humorista, compositor, diretor e artista plástico Chico Anysio – já não se prende a esta dimensão concreta, mas continua extremamente presente em nosso coração. Os mais de 200 personagens que encarnou, durante décadas, em todos os palcos do país, não permitem que sua memória se apague. Chico Anysio partiu somente porque essa era uma diligência necessária para que se eternizasse. Expressão maior do talento e criatividade cearenses, ele se fez merecedor da Medalha da Abolição, que há de receber como mais um gesto de carinho de seu povo”, destacou Cid Gomes.

Em seu discurso de agradecimento, Dona Yolanda Queiroz destacou a importância da data e o pioneirismo cearense na libertação dos escravos, que a incentivou a lutar na construção de uma nova história para o Ceará. “O destino me atribuiu o legado de continuar a trajetória de Edson Queiroz, que partiu muito cedo. Para mim, se tornou uma verdadeira missão promover a educação e o bem-estar coletivo, ajudando o Ceará a se libertar da escravidão do subdesenvolvimento”, disse a agraciada.

O empresário Ivens Dias Branco ressaltou o valor sentimental da Medalha da Abolição. “E me sinto muito emocionado em receber essa comenda, que também foi recebida pelo meu pai. Ela foi entregue em Portugal”, lembrou o empresário.

A terceira homenageada, professora Adísia Sá, de maneira desconstraída, falou da importância da comenda e da necessidade de preservar a memória dos momentos históricos do Ceará. Ela lembrou que todo o acervo que ela tem, foi doado e estará preservado e à disposição do cearense por meio do Instituto QueirozJereissati.

A viúva do artista Chico Anysio, Malga di Paula, recebeu a comenda concedida ao artista. “Muita gente diz que ele, se tivesse nascido em outro país, teria a importância e o reconhecimento de Charles Chaplin. Eu discordo. Ele foi o artista e o ser humano inesquecível porque foi brasileiro e cearense”, disse.

Os homenageados:

 

yolandaYolanda Vidal Queiroz

Nascida em Fortaleza, filha de Maria Pontes Vidal e Luis Vidal. Casou aos 16 anos com Edson Queiroz, de cuja união teve seis filhos: Airton, Mayra, Edson Filho, Renata, Lenise e Paula, que já lhe deram 15 netos e 21 bisnetos. Companheira 24 horas da vida e empreendimentos do marido ao longo de 37 anos, Dona Yolanda participou de todas as etapas de fundação e crescimento do Grupo Edson Queiroz. Assim preparada, depois da morte precoce do fundador em junho de 1982, ela assumiu a presidência das empresas e imprimiu nelas excepcional ritmo de consolidação e expansão, de modo a incluir o Grupo Edson Queiroz entre os 100 maiores do Brasil, com 16 empresas atuando em setores diversificados, como educação superior, distribuição de gás, água mineral, fabricação de refrigerantes e sucos, metalurgia, comunicação, agropecuária, agroindústria e imobiliária.

Essas empresas dão emprego direto a 16 mil pessoas, gerando benefícios sociais em vários Estados, sobretudo, no Ceará, onde tem sua sede, e movimentam cerca de R$ 350 milhões. O grupo investe R$ 25 milhões por ano em meio ambiente, assistência médica e odontológica, creche, capacitação e desenvolvimento profissional. Seus negócios geram cerca de R$ 300 milhões por ano em tributos, os quais revertem em benefícios para toda a sociedade brasileira.

Na área de educação superior, Dona Yolanda é vice-presidente da Fundação Edson Queiroz, entidade sem fins lucrativos, mantenedora da Universidade de Fortaleza, completando neste ano quatro décadas de funcionamento. Com amplo alcance social, desde 1982, a Escola de Aplicação Yolanda Queiroz, no campus da Universidade de Fortaleza, atende, gratuitamente, mais de 600 crianças, na faixa etária de 4 a 10 anos, moradoras da comunidade circunvizinha e filhos de funcionários, oferecendo-lhes desde a educação infantil até o 3º ano do Ensino Fundamental. Essas crianças recebem, além da educação formal, aulas de inglês, artes plásticas, informática, atividades recreativas, dança, sala de leitura, além do acesso ao Núcleo de Atenção Médica Integrada, onde dispõem de assistência integral à saúde. Ao longo de 30 anos, a Escola de Aplicação Yolanda Queiroz já alfabetizou mais de nove mil crianças.

No setor de Comunicações, Dona Yolanda dirige os veículos do Sistema Verdes Mares que, pela credibilidade e empatia com a opinião pública, são líderes de audiência e circulação no Ceará, além de referência de jornalismo ético e independente no Brasil. Yolanda Vidal Queiroz, por sua trajetória de intenso trabalho e dedicação aos projetos sociais, recebeu muitas condecorações e prêmios, mencionando-se entre outros: Grande-Colar do Mérito, outorgado pelo Tribunal de Contas da União, Medalha do Pacificador, do Exército Brasileiro; Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho – Grau de Comendador – do Tribunal Superior do Trabalho; Ordem do Mérito Industrial, da Confederação Nacional da Indústria; Prêmio Personalidade do Ano 2008, da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, sendo a primeira mulher no Brasil a receber essa distinção. Em mensagem pessoal, enviada por ocasião dessa solenidade em Nova York, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou: “A respeitada e conceituada senhora Yolanda Queiroz é plenamente merecedora da importante honraria por sua fibra, coragem, dinamismo e pelo incansável trabalho à frente do grupo Edson Queiroz, que ajudou a formar e a desenvolver”.

“É um motivo de orgulho pra mim, ter nascido na Terra da Luz. Não consigo traduzir em palavras o momento mais feliz da minha vida, recebendo a maior comenda do Estado das mãos do governador Cid Gomes. Compartilho essa homenagem com toda a minha família e com todos os funcionários que fazem o Grupo Edson Queiroz”, destacou Yolanda Queiroz, após a condecoração.

 

ivensFrancisco Ivens de Sá Dias Branco

Nascido na cidade do Cedro, em 03 de agosto de 1934, é filho de Manuel Dias Branco e Maria Vidal de Sá Dias. É casado com Maria Cosuelo Saraiva Leão Dias Branco e tem cinco filho: Francisco Ivens de Sá Dias Branco Jr, Francisco Marcos Saraiva Leão Dias Branco, Francisco Cláudio Saraiva Leão Dias Branco, Maria regina Saraiva Leão Dias Branco e Maria das Graças Saraiva Leão Dias Branco.

Iniciou as suas atividades em 1953, em sociedade com o pai, Manuel Dias Branco, fundado r do Grupo. Ocupando o cargo de diretor industrial, foi responsável pelas principais inovações tecnológicas da empresa, confirmando a sua vocação para o setor. Em 1972, assumiu o cargo de presidente. Com a aquisição da Grupo Adria, em 2003, o Grupo M. Dias Branco passou a liderar o segmento de massas e biscoitos no Brasil. A compra daVitarella, em 2008, consolidou ainda mais essa liderança. Já no ano de 2011, outras duas aquisições: NPAP Alimentos LTDA – PILAR e Pelágio Participações S/A e J. Brandão Comércio e Indústria, detendtoras das marcas Estrela, Pelágio e Salsito. Em 2012, comprou o Moinho Santa Lúcia.

Atualmente, o Grupo é líder na fabricação de massas e biscoitos na América Latina, atuando, ainda, nos ramos de moagem de trigo (CE, RN, BA e PB), refinaria de óleos, gorduras e indústria de margarina, além do setor imobiliário e de hotelaria, tendo, também um porto privado.

Em sua trajetória empresarial, Ivens Dias Branco recebeu diversas premiações, destacando-se dentre elas o Troféu Sereia de Ouro; Medalha Edson Queiroz, concedida pela Assembleia Legislativa; Medalha Mérito Industrial, outorgada pela Fiec; e Títulos de Cidadão da Cidade de Salvador e do Recife.

Após ser homenageado com a Medalha da Abolição, o empresário destacou a representatividade simbólica da comenda. “Agradeço a todo o povo do Ceará e ao Governo do Estado.  Essa medalha representa muito, pois simboliza todo o movimento pela libertação dos escravos, mostrando a altivez e sensibilidade do povo cearense. Procurarei valorizar essa comenda da melhor maneira possível”, disse.

 

adisiaMaria Adísia Barros de Sá

Nascida na cidade de Cariré, em 1929, é filha de José Escolástico de Sá e Hermínia (Mimosa) Barros de Sá. Professora Titular (aposentada), da Universidade Federal do Ceará (UFC), e professora aposentada da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Bacharela e Licenciada em Filosofia, pela Faculdade Católica de Filosofia do Ceará. Livre Docente, com grau de Doutor, em “Fundamentos de Filosofia e Comunicação”, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Lecionou nos Colégios Rui Barbosa, Santa Lúcia, Farias Brito e Justiniano de Serpa – da qual foi Diretora Geral. É do grupo fundador do Curso de Comunicação Social da UFC e do grupo fundador e primeira presidente da Associação Brasileira de Ouvidores, seção do Ceará.

Adísia trabalhou nos jornais Gazeta de Notícias (1955/1970), O Estado (Articulista, Diretora) ; AM O Povo CBN (Foi Diretora Executiva: atualmente é comentarista diária. Ombudsman do O Povo (1994) (1995)(1997) – foi a primeira no Ceará. Foi comentarista da TV União e da TV Jangadeiro. É sócia da Associação Cearense de Imprensa (ACI), do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Ceará e integra a Comissão de Ética da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). É membro do Conselho Editorial do O Povo e comentarista diária da Rádio AM OPOVO/CBN.

Entre as obras publicadas estão: Metafísica, para quê?; Fenômeno Metafísico; Ensino de Filosofia no Ceará (Coordenadora e autora de capítulo); Ensino de Jornalismo no Ceará; Biografia de um Sindicato (História do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Ceará ; O jornalista brasileiro; Clube dos ingênuos; Traços de União (Biografias de Demócrito Rocha – fundador do O Povo e de membros da família que dirige a empresa desde 1928); Introdução à Filosofia; Fundamentos Científicos da Comunicação (coordenadora e autora de capítulo); Ombudsman/Ouvidores (coordenadora e coautora ); Capitu conta Capitu (romance); Três mulheres no divã de Freud (romance); Em busca de Iracema (romance). É cidadã honorária de Fortaleza; Maranguape; Mossoró (RN).

“Eu tenho uma grande felicidade. Eu nasci pra ser jornalista; eu sou jornalista e eu formei muitos profissionais jornalistas. Estou muito honrada com essa medalha, que vai ter um lugar muito especial”, comentou Adísia Sá, ao ser agraciada com a comenda.

 

chicoFrancisco Anysio de Oliveira Paula Filho (in memoriam)

Nascido em Maranguape em 12 de abril de 1931 e falecido em 23 de março de 2012, no Rio de Janeiro. Filho de Francisco Anysio de Oliveira Paula e de Haidée Viana de Oliveira Paula. Foi humorista, ator, dublador, escritor, compositor e pintor, Chico se destacou em todas as atividades que se dedicou, mas foi com o humor sofisticado e popular ao mesmo tempo que ganhou espaço no coração dos brasileiros.

Chico Anysio mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro quando tinha seis anos de idade. Decidiu tentar fazer um teste para locutor de rádio quando a sua irmã também faria. Saiu-se excepcionalmente bem no teste, ficando em segundo lugar, somente atrás de outro jovem iniciante, Sílvio Santos. Na rádio na qual trabalhava, a Rádio Guanabara, exercia várias funções: radioator, comentarista de futebol, etc. Participou do programa Papel carbono de Renato Murce. Na década de 1950, trabalhou nas rádios “Mayrink Veiga”, “Clube de Pernambuco e Clube do Brasil. Nas chanchadas da década de 1950, Chico passou a escrever diálogos e, eventualmente, atuava como ator em filmes da Atlântida Cinematográfica.

Na TV Rio estreou em 1957 o Noite de Gala. Em 1959, estreou o programa Só Tem Tantã, lançado por Joaquim Silvério de Castro Barbosa, mais tarde chamado de Chico Total. Além de escrever e interpretar seus próprios textos no rádio, televisão e cinema, sempre com humor fino e inteligente, Chico se aventurou com relativo destaque pelo jornalismo esportivo, teatro, literatura e pintura, além de ter composto e gravado algumas canções.

Chico Anysio foi um dos responsáveis pela intermediação referente ao exílio de Caetano Veloso em Londres. Quando completou dois anos de exílio, Chico enviou uma carta para Veloso, para que este retornasse ao Brasil. Caetano e Gilberto Gil haviam sido presos em São Paulo, duas semanas depois da decretação do AI-5, o ato que dava poderes absolutos ao regime militar. Trazidos ao Rio de carro, os dois passaram por três quartéis, até viajarem para Salvador, onde passaram seis meses sob regime de prisão domiciliar. Em seguida, em meados de 1969, receberam autorização para sair do Brasil, com destino a Londres, onde só retornariam no início de 1972.

Desde 1968 estava ligado à rede Globo de Televisão. A empresária Malga di Paula foi companheira de Chico de 2001 até a morte do artista. Chico Anysio é pai de Lug de Paula, Nizo Neto, Rico Rondelli, André Lucas, Cícero Chaves, Bruno Mazzeo , Rodrigo e Vitória.

“Eu tive o privilégio de compartilhar 14 anos da minha vida com o Chico. Tive a oportunidade de vivenciar a maturidade cultural e artística dele. Sou muito grata a tudo que o povo dele fez e faz por ele”, comentou Malga di Paula, ao representar Chico Anysio no recebimento da comenda.

Participaram da homenagem os senadores Eunício Oliveira, José Pimentel e Inácio Arruda; o prefeito Roberto Cláudio; o presidente do Tribunal de Justiça, Brígido Pontes, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Zezinho Albuquerque, o deputado estadual Lula Morais; o presidente da Câmara Municipal, Walter Cavalcante e o secretário Chefe da Casa Civil, Arialdo Pinho, dentre outras autoridades presentes.

26.03.2013

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